Entre os itens do acervo, o colecionador de Sorocaba (SP) possui uma latinha de 1935, outra que custa em média R$ 9 mil e algumas latas raras de países que, segundo ele, não permitem o comércio ou consumo de cerveja.
Engenheiro coleciona latinhas de cerveja há mais de 30 anos no interior de SP O colecionismo é um hobby que consiste em juntar itens que possuem algum tipo de semelhança ou relação entre si.
Para alguns, este hábito serve apenas como investimento em itens raros que podem valer uma fortuna no futuro.
Para outros, essas coleções são de itens com valor sentimental que guardam diversas memórias.
Este é o caso de André Rodrigues, de Sorocaba (SP), que desde os 11 anos coleciona latinhas de cerveja vindas de diversos países e em períodos diferentes. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Há dez anos, o g1 entrevistou o colecionador.
Na época, ele tinha um acervo com 2 mil latinhas.
Hoje, aos 42 anos, o engenheiro aumentou sua coleção em mais de 650%, com mais de 15 mil itens que ficam armazenados em sua casa e nas casas de parentes.
Segundo André, sua coleção é de latas de cerveja em geral, com diferentes temas e particularidades, até com algumas de comércio proibido em certos países.
As duas primeiras latinhas de cerveja da coleção de André foram guardadas quando ele tinha 11 anos, em Sorocaba (SP) Beatriz Pereira/g1 "Tenho de temas de futebol, com times da Europa, internacionais.
Também consigo algumas no eBay [plataforma de compras dos EUA], tenho com temas de rock, músicas, festivais de música, latas antigas, tema das Olimpíadas.
O legal é o prazer que a gente sente em buscar e 'garimpar' onde estão as latinhas", explica. Entre milhares de edições, marcas e temas, André possui algumas latinhas favoritas, como as duas primeiras latas que integraram a coleção.
São latinhas de marcas populares no Brasil, do ano 1993, de quando ele tinha 11 anos e decidiu guardar duas latinhas que estavam no churrasco da família.
"Na minha infância, as latinhas eram colecionadas cheias, eu não podia beber.
O problema é que, com o tempo, o calor, o alumínio pode deteriorar e, aí, pode vazar o líquido ou, até mesmo, explodir.
Então, ao montar o espaço [onde guarda a coleção], decidi esvaziar todas as latinhas.
Então, atualmente, não tem nenhuma latinha cheia no acervo", conta. Outra lata importante para André é a mais antiga da coleção: Krueger Cream Ale, de 1935, de Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Com um aspecto enferrujado, esta lata foi aberta pela parte de baixo e não possui o mesmo tipo de lacre que as comuns.
Outro destaque elencado pelo colecionador é a latinha mais cara da sua coleção, que, atualmente, custa em média R$ 9 mil.
De acordo com André, a cerveja mineira Alterosa parou de ser produzida, tornando-se um dos itens mais raros e desejados pelos colecionadores brasileiros.
"Existe o valor que a gente paga.
Às vezes a gente troca, mas tem o valor que a gente paga, o valor sentimental e o valor que elas [latas] valem no mercado.
Eu tenho uma planilha bem organizada com os valores, mas prefiro ficar longe deles, porque prefiro não saber o quanto já gastei com elas", conta André.
Latinha de cerveja mais antiga da coleção de André, de Sorocaba (SP), é de 1935 Beatriz Pereira/g1 Uma das cervejas que foram mais difíceis de conseguir, de acordo com André, foi a Imperial, vinda do Afeganistão.
Segundo ele, o consumo da bebida é proibido para cidadãos afegãos, mesmo esta edição sendo uma bebida de malte, sabor maçã verde.
"O destaque dessa coleção para mim é a variedade de itens de países exóticos, países mais difíceis de conseguir.
Essa do Afeganistão não tem álcool, mas entra na coleção como cerveja.
Também tenho uma da Alemanha Oriental e da Alemanha Ocidental, antes do país se unir.
Tenho da Coreia do Norte, um país fechado, e a lata me custou $ 300", acrescenta.
🍻 'Cada lata representa uma história' André explica que, desde o começo da coleção, quando os objetos ficavam no armário da cozinha de sua mãe, há um valor sentimental atrelado às latinhas, pois cada uma delas foi adquirida em algum período de sua vida que acabou sendo "marcado" pela cerveja, que virou um tipo de souvenir (veja fotos da coleção de André abaixo). "Eu comecei a beber cerveja, gostava, mas aí teve o 'boom' da cerveja artesanal e conheci cervejas especiais.
Daí comecei a focar meus conhecimentos em cerveja.
Cheguei a montar uma loja, fiz pós-graduação em ciência da tecnologia da cerveja, produzi cerveja em casa com panela, vendi degustação, mas aí meu foco hoje é colecionar e beber", conta. Muitas latas são antigas e vindas dos anos 1980 ou 1970.
Então, já chegam vazias para integrar as prateleiras.
Mesmo assim, aquelas que consegue cheias são degustadas por ele, familiares e amigos.
"Construí essa coleção e praticamente a minha história também.
Faço viagens e qual é a lembrança? Não é imã de geladeira ou cartão postal, é lata de cerveja.
Cada fase da minha vida, cada passagem tem uma lata que representa essa história", acrescenta. ✈️ Procura e troca internacional Pela internet, com amigos, viagens, encontro de colecionadores ou até na "cara dura".
É assim que o colecionador consegue mais latinhas para o acervo.
André explicou ao g1 que, além de ser um tipo de hobby "garimpar" as cervejas, também é uma forma de se conectar e fazer amizades ao redor do globo. Foi por meio de intercâmbios com outros países que André conseguiu diversas latas.
Em fóruns e redes sociais, ele localiza pessoas que tenham interesse em colecionar latinhas brasileiras e, desta forma, negocia trocas de pacotes para serem despachados.
Uma das histórias marcantes da procura por latinhas deu-se em uma viagem de trabalho ao Chile, em que André estava com seu chefe na rua e acabou pegando uma latinha que estava no chão.
Segundo ele, é proibido beber em via pública no país, portanto, ele foi abordado por um policial, que exigiu que ele guardasse a lata na mochila.
Outra latinha de aquisição inusitada é a da cerveja Habesha Cold Gold, que é servida aos passageiros de voos de uma companhia aérea da Etiópia. "Uma mulher do grupo de 'bebedores de cerveja' ia passar as férias na Tailândia.
Eu vi a passagem dela, mandei mensagem, falei que fazia parte do grupo e falei que eu queria uma cerveja que só era servida em um avião que ela ia pegar.
Ela trouxe, veio pelo Correio, cheia, eu degustei e hoje está na coleção", conta André.
🍺 Itens cervejeiros e museu O colecionador também explicou ao g1 que no "mundo da cerveja" existem diversos tipos de coleções, que não precisam necessariamente ser de latinhas.
Alguns amigos de André colecionam desde tampinhas e abridores a rótulos, mas todos são considerados itens cervejeiros. Para além de apenas divulgar marcas e a própria bebida alcoólica, a intenção de André é compartilhar curiosidades históricas e culturais de cada cerveja.
Algumas são raras, outras exclusivas de determinada época ou evento, mas o mais importante: cada uma carrega uma história diferente que merece se compartilhada com mais pessoas, segundo André. "Uma meta que eu coloquei é construir um espaço para elas [latas], um tipo de museu, um espaço para as pessoas poderem vir conhecer.
Não adianta nada eu ter essa coleção e ficar só para mim.
Eu criei um Instagram para divulgar a coleção, mas queria que as pessoas viessem e conhecessem a cultura do colecionismo.
Antes de divulgar a bebida alcoólica, divulgo a história, o conhecimento, o evento.
É legal não ficar só comigo e, sim, compartilhar com todos", finaliza.
Veja mais fotos da coleção de André Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM