Vinicius Gritzbach gravou conversa telefônica por viva-voz entre policial civil e advogado ligado à facção criminosa.
Empresário foi executado a tiros na última sexta (8) no aeroporto internacional de SP.
Força-tarefa apura quem mandou matar empresário e quem executou o crime.
PCC ofereceu R$ 3 milhões para matar delator, diz defesa Em um áudio, o Primeiro Comando da Capital (PCC) ofereceu R$ 3 milhões para quem matasse Vinicius Gritzbach, delator da facção criminosa, segundo informou a defesa do empresário no acordo de deleção premiada feito com o Ministério Público (MP) de São Paulo (ouça acima).
A gravação foi feita em 2023, segundo fontes do g1. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp De acordo com a sua defesa, Vinicius gravou uma conversa telefônica por viva-voz entre um investigador do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e um advogado ligado ao Primeiro Comando da Capital e que lavaria dinheiro para a facção.
A gravação teria sido feita na frente do policial sem o conhecimento dele e do advogado. 46 dias antes de homologar o acordo de colaboração premiada de Vinícius Gritzbach, a Justiça de SP acolheu manifestação do MP e arquivou um inquérito aberto pela Corregedoria da Polícia Civil contra os policiais (delegados e investigadores) que o corretor de imóveis acusava de corrupção. Na manifestação, sobre os áudios apresentados por Gritzbach, o MP escreveu: “os trechos das conversas apontados, sobre supostos corrupção, são de conversas entre os meses de setembro de novembro de 2021, logo antes do homicídio [de integrante do PCC o qual Gritzbach é réu] apurado naquelas investigações.
Ademais, as conversas estão descontextualizadas, bem como não foi identificado o suposto funcionário público, policial, ou delegado, que teria recebido valores indevidos”." Apesar disso, depois que o acordo de colaboração de Gritzbach foi homologado, em 24 de abril de 2024, a Corregedoria da Polícia Civil entendeu que havia fatos novos e decidiu abrir um novo inquérito, instaurado poucos dias antes do assassinato de Gritzbach. Vinicius foi executado na última sexta-feira (8) em frente ao desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana.
Câmeras de monitoramento gravaram dois homens encapuzados e com fuzis atirando no empresário do ramo imobiliário.
Os bandidos fugiram. Além dele, um motorista de aplicativo foi atingido e morreu.
Outras três pessoas que passavam pelo local ficaram feridas.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) criou uma força-tarefa para investigar quem mandou matar Vinicius e quem executou o crime.
Entre a hipóteses investigadas para esclarecer o que ocorreu estão o envolvimento de criminosos do PCC, policiais civis, policiais militares e devedores de Vinicius.
O caso é apurado como homicídio e lesão corporal.
Diálogo indica preço por morte, diz defesa Vinicius Gritzbach foi morto no Aeroporto Internacional de São Paulo Reprodução/TV Globo No diálogo, sempre segundo o que a defesa de Vinicius informou ao Ministério Público, o advogado do PCC pergunta ao policial se ele aceitaria matar o empresário por R$ 300 mil. Advogado – 300? Policial – 300...
Tá bom.
300 , Tá bom. Depois de uma provocação entre eles, o advogado aumenta o valor da recompensa pelo assassinato de Vinicius para R$ 3 milhões, de acordo com a sua defesa.
Advogado – Mas você acha que 3 dá? Policial – É...
pensa nos 3.
Vai pensando, me fala depois... Após desligar o telefone, o policial e outra pessoa conversam com Vinicius e perguntam se ele entendeu o tom da conversa com o advogado.
Em seguida, eles tentam animar o empresário, que demonstra preocupação com a situação. Policial - Vou dar um abraço em você.
Você não sabe o quanto eu te amo... Outra pessoa - A gente gosta de você, Vinicius.
Relaxa esse coração seu... Vinicius – Mas vai relaxar como? O cara falando um negócio desse... O áudio com a conversa integra a delegação premiada de Vinicius que a Justiça homologou.
Ele era réu em processos de homicídio contra dois membros do PCC e por fazer lavagem de dinheiro para a facção.
Ele respondia aos crimes em liberdade. LEIA MAIS: Visto para os EUA, liberação de helicóptero, lanchas e 15 imóveis: veja pedidos feitos por delator do PCC antes de delação com o MP Antes de ser executado, delator do PCC falou à Corregedoria da Polícia Civil que agentes cobraram R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo Delator do PCC desconfiou estar sendo seguido durante viagem a Alagoas, diz namorada Em nota, a defesa do investigador citado afirma que o delator propagava "mentiras, que já foram objeto de ampla investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil e, arquivada, a pedido do próprio Ministério Público, o que veio a ser ratificado e confirmado em recurso apreciado pela Procuradoria Geral de Justiça.
As especulações e falácias propagadas pelo delator Antônio Vinicius Gritzbac, feitas com o vil intuito de tentar macular a escorreita investigação que comprovou sua participação no homicídio/organização criminosa, repetidas em novas oitivas não possuem o condão de modificar a coisa julgada e o entendimento do Ministério Público", diz nota do escritório de advocacia Bialski.
Delação premiada Polícia tenta identificar assassinos que executaram o delator do PCC A delação permitiria que o empresário tivesse uma redução das penas no caso de condenações.
Em troca, ele delatou membros do PCC que faziam lavagem de dinheiro e agentes de segurança envolvidos em corrupção.
Oito dias antes de ser assassinado, Vinicius havia denunciado cinco policiais civis e um agente penitenciário por extorsão na Corregedoria da Polícia Civil.
Ele falou que agentes do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) cobraram R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo como suspeito de ser o mandante dos assassinatos de dois membros da facção criminosa.
Vinicius não pagou a propina. Uma força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) investiga quem mandou matar e quem executou Vinicius na sexta passada.
Câmeras de monitoramento gravaram o crime cometido por dois atiradores encapuzados e armados com fuzis.
Eles fugiram após a execução. Entre as hipóteses apuradas para esclarecer o crime estão a possibilidade da participação de policiais civis, policiais militares, um homem que estava devendo dinheiro a ele ou de membros do PCC.
O caso é investigado como o "homicídio, lesão corporal e localização e apreensão de objeto". Policiais afastados Gritzbach levava uma bagagem contendo mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor no momento do crime Reprodução A pasta da Segurança informou nesta quarta-feira (13) que os policiais civis denunciados por Vinicius foram afastados preventivamente de suas funções. Além deles, a SSP havia afastado antes oito agentes da Polícia Militar (PM) que faziam a escolta pessoal do empresário.
O bico de segurança particular é proibido na corporação. Depois que passou a ser investigado pela polícia pelos assassinatos de dois integrantes do PCC, Vinicius foi ameaçado de morte pela facção, segundo fontes da força-tarefa.
Além disso, ele devia dinheiro para os criminosos.
Até a última atualização desta reportagem, nenhum dos assassinos havia sido identificado ou preso..
Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado Arte/ g1 * Colaborou Bruno Tavares