Prédio centenário na Rua Libero Badaró foi construído entre 1923 e 1927 e é considerado a primeira edificação com mais de 50 metros de altura.
No térreo, funciona a Casa Godinho, um dos mais antigos e tradicionais estabelecimentos da cidade.
Mistérios de SP: Edifício Sampaio Moreira foi o primeiro prédio com 'rooftop' em São Paulo A disputa pelo primeiro arranha-céu de São Paulo nunca foi esclarecida.
Diversos edifícios aparecem nessa lista pela sua importância, como o Martinelli e o Altino Arantes (atual Farol Santander).
A primeira construção nessa categoria, no entanto, foi o Edifício Guinle, construído entre 1913 e 1916.
Mas logo depois veio aquele que realmente ganhou essa fama de "primeiro arranha-céu" e foi pioneiro por seu método construtivo, considerado ousado na década de 1920: o Edifício Sampaio Moreira.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp E apesar de não dar para cravar que ele foi o primeiro prédio alto de São Paulo, ele leva a medalha por ter o primeiro "rooftop" da cidade.
Construído entre 1923 e 1927, ele teve vários usos ao longo de um século de história.
Depois de passar por um processo de restauro, o prédio localizado na Rua Libero Badaró abriga desde 2018 a Secretaria Municipal da Cultura.
Mas até hoje ele se destaca por curiosidades e mistérios que o tornam um marco na arquitetura da cidade de São Paulo. O 'rooftop' Pergolado projetado especialmente para o terraço do edifício na década de 1920. Marconi Matos O que mais impressiona é o pergolado, termo arquitetônico para definir os grandes arcos e estruturas em concreto armado que dão cobertura e charme para a cobertura do prédio.
Na época já havia uma ideia de se criar ali um espaço agradável e que permitisse vários tipos de uso para quem subisse até o topo, com vista pro Vale do Anhangabaú até hoje.
"Esse pergolado tinha uma função estética muito forte.
Acaba sendo uma das características de maior identidade do prédio e até hoje ainda é um marco.
Era uma inovação porque a gente não tinha esse uso do concreto armado ainda tão disseminado e demorou mais de uma década [depois da construção do prédio] para ser popularizado", contextualiza Nicole Macedo, arquiteta do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura Municipal de São Paulo. Linha do tempo dos arranha-céus Para entender o histórico dos prédios icônicos que romperam os limites da época, veja abaixo a arte com a linha do tempo: depois do Edifício Guinle com sete andares) e do Edifício Sampaio Moreira (com 12 andares), em 1929 veio o Edifício Martinelli (com 30 andares), o Edifício Altino Arantes em 1947 (com 35 andares), o Edifício Itália em 1965 (com 46 andares), o Edifício Mirante do Vale em 1966 (com 51 andares) , que se manteve como o mais alto de São Paulo por mais de meio século, até a chegada do Platina 220, no Tatuapé, em 2022, com um pavimento a menos, mas dois metros de altura a mais. Linha do tempo dos arranha-céus de São Paulo Reprodução: TV Globo Elevadores históricos Elevadores com porta pantográfica foram inovadores no começo do século 20. Marconi Matos Os elevadores são símbolos importantes do Edifício Sampaio Moreira e foram fundamentais para chegar em cada um dos 12 andares.
O que hoje é comum na década de 1920 era algo surpreendente.
Andar pelos elevadores é uma volta ao passado.
Além de uma porta de metal, é preciso fechar uma porta pantográfica, com uma estrutura de grades que abre e fecha e, na época, servia como um reforço a mais para a segurança no acesso ao elevador.
"Esses elevadores têm registros que foram instalados em meados de 1926.
Nós utilizamos até hoje.
Eles são funcionais", afirma a arquiteta Nicole Macedo. Empadinhas famosas no centrão Empadinhas da Casa Godinho, que está há um século instalado no Edifício Sampaio Moreira. Marconi Matos Logo na entrada do Edifício Sampaio Moreira é possível conhecer um dos estabelecimentos mais antigos de São Paulo: a Casa Godinho.
A loja, que é considerada um patrimônio imaterial da cidade, começou lá na Sé em 1888 e funciona no mesmo endereço há exatos 100 anos, desde 1924. "As prateleiras, o piso e os balcões são originais.
Agora a parte imaterial é a parte do atendimento que a gente procura manter.
Mesmo depois da informatização, havia aquele receio de ir ao caixa, pagar e ir embora.
Não.
Abre-se uma comanda, o funcionário embrulha e segue como era lá no passado", conta Miguel Romano, sócio da Casa Godinho. Agora o sucesso que já virou uma tradição de lá são as empadinhas.
São muitas variações de sabor que o cliente pode degustar: além da tradicional de bacalhau, camarão, linguiça Blumenau, alheira, carne seca com abóbora, palmito, alho poró, frango e ratatouille.
Tudo feito há décadas com a mesma receita.
"Nós somos referência no produto e a empadinha virou a marca da casa, além da linha de vinhos, embutidos, temperos e compotas", diz Romano.