Países asiáticos antecederam Brasil no comando do bloco das maiores economias mundiais e enfrentaram tensões crescentes e guerras durante seus mandatos.
Brasil recebe encontro do G20 pela primeira vez Fundado em 1999 para lidar com crises financeiras e instabilidades econômicas, o G20 ganhou destaque durante a crise financeira global de 2008, quando tiveram início as cúpulas anuais dos líderes mundiais.
O bloco reúne países que lideram a economia global e respondem por cerca de dois terços da população do planeta, além de 75% do comércio mundial. Desde 2008, o fórum evoluiu para uma espécie de "mini ONU" que lida com questões como mudanças climáticas e tensões geopolíticas, embora os Estados-membros nem sempre concordem sobre o que deve estar na agenda. G20 no Rio: o que é? Quem vem? O que vai acontecer? Tudo sobre o evento O Brasil assumiu a presidência rotativa anual do G20 em dezembro do ano passado ao suceder a Índia.
A África do Sul será o próximo país a assumir a liderança do grupo. Para M.
Habib Abiyan Dzakwan, pesquisador de política econômica internacional no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) da Indonésia, o Brasil deve fortalecer a abordagem dos países do G20 em questões cruciais como mudanças climáticas e desafios globais de saúde. Contudo, ainda não está claro o que o Brasil conseguirá alcançar em termos concretos. Ao longo de 2024, o Brasil sediou e presidiu várias reuniões ministeriais do G20.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva pautou questões pertinentes ao mundo em desenvolvimento durante sua presidência do bloco.
Entre elas, a redução das desigualdades, a reforma de instituições de governança global, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), o enfrentamento das mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento sustentável. LEIA TAMBÉM Aliança Global contra a Fome tem apoio de 37 países e interesse de mais 50, diz ministro; entenda o que é o pacto a ser lançado no G20 Relatório do G20 Social vai propor tributar em 2% os super-ricos: 'Resolve o problema de 350 milhões de famílias', diz ministro Lula deve se reunir com mais de 10 líderes durante cúpula do G20 no Rio de Janeiro, dizem fontes Como a Índia se saiu? O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante a cúpula do G20 em Roma, na Itália, em 31 de outubro de 2021 Evan Vucci/AP A cúpula irá provavelmente oferecer também uma oportunidade para os líderes discutirem questões polêmicas, como a guerra da Rússia na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio.
Obter um consenso sobre uma declaração conjunta dos líderes será um dos desafios do Brasil. A Índia, que sediou a cúpula no ano passado, conseguiu obter uma vitória ao negociar um consenso na declaração conjunta final abordando a guerra na Ucrânia, mas evitando condenar especificamente a Rússia. Em vez disso, o texto categorizou o "sofrimento humano e os impactos negativos adicionais" da guerra em um contexto econômico "com relação à segurança alimentar e energética global, cadeias de abastecimento, estabilidade macrofinanceira, inflação e crescimento". O ex-diplomata indiano Ajay Bisaria disse que a cúpula foi "indicativa da capacidade da Índia de equilibrar sua parceria historicamente estável com a Rússia enquanto nutre relações com os países ocidentais".
"Mais do que apenas equilibrar relações importantes, o que a Índia tentou na geopolítica foi unir divisões, tanto a Leste-Oeste quando a Norte-Sul", acrescentou. No evento do ano passado, a União Africana, que representa 55 países do continente africano, também se tornou membro permanente do G20.
A inclusão foi vista como uma forma de ressaltar a importância de incluir o chamado Sul Global em fóruns multilaterais. Observadores na Índia concluíram que a cúpula em Nova Déli reforçou a imagem de seu país como uma força diplomática e econômica em ascensão no cenário global, particularmente em um momento em que o mundo enfrentava múltiplas crises geopolíticas e econômicas. Ano difícil Justin Trudeau e Joko Widodo na abertura do G20, em Bali, na Indonésia, nesta segunda-feira (14). REUTERS/Kevin Lamarque Um ano antes, durante a presidência da Indonésia, os líderes do G20 se reuniram na idílica ilha de Bali.
A cúpula ocorreu em um momento de dúvidas sobre a própria eficácia e utilidade do G20, tendo como pano de fundo a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, que causou divisões sem precedentes dentro do grupo. O presidente indonésio, Joko Widodo, estava empenhado em fazer da liderança do G20 o ponto alto de seu governo.
Ao final, os resultados da cúpula superaram as expectativas, o que se tornou uma vitória diplomática para Jacarta. Os participantes conseguiram concordar com uma declaração final cuidadosamente redigida, observando que "a maioria dos membros condenou veementemente a guerra na Ucrânia e enfatizou que está causando imenso sofrimento humano e exacerbando as fragilidades existentes na economia global". Desafios únicos e complexos Trump durante evento de campanha na Carolina do Norte em 4 de novembro de 2024 Reuters/Jonathan Drake/File Photo Dzakwan avaliou que cada presidência do G20 enfrenta seus próprios desafios, que estão cada vez mais complexos.
Ele observou que a presidência da Indonésia em 2022 foi significativamente ofuscada pela guerra na Ucrânia, enquanto a Índia, no ano passado, teve de lidar com tensões crescentes no Oriente Médio, além do conflito na Ucrânia. O pesquisador disse acreditar que esses desafios continuarão a se intensificar, principalmente com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
"Nunca foi fácil, principalmente a partir do primeiro governo Trump.
Isso demonstra que o multilateralismo não é muito eficaz, mas sim mais transacional", afirmou. VÍDEOS: mais assistidos do g1