Padilha reconheceu que o problema se arrasta há anos, mas afirmou que o governo buscará soluções concretas.
O novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tomou posse nesta segunda-feira (11) com um discurso focado na redução do tempo de espera para atendimento especializado no SUS, um dos principais gargalos do sistema público e um dos pontos centrais que levaram à queda de sua antecessora, Nísia Trindade. Durante a gestão de Nísia, a demora na realização de consultas com especialistas e exames médicos foi alvo de críticas de parlamentares, governadores e prefeitos, que cobravam uma atuação mais ágil do ministério para resolver a questão. Gleisi Hoffmann, Lula e Alexandre Padilha Ricardo Stuckert / Presidência da República Na cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, Padilha reconheceu que o problema se arrasta há anos, mas afirmou que o governo buscará soluções concretas para ampliar o acesso da população aos serviços de saúde. "Todos os dias vou trabalhar para buscar o maior acesso e o menor tempo de espera para quem precisa de atendimento especializado no nosso país.
Não há solução mágica para um gargalo que ultrapassa décadas e que se agravou com a pandemia e o descaso do governo anterior." A longa espera para atendimentos especializados foi um dos principais desafios enfrentados por Nísia à frente da pasta e acabou sendo um dos argumentos usados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para justificar a mudança no comando do ministério.
Lula vinha cobrando uma atuação mais política da ministra para responder às críticas do Congresso e lidar com as demandas de estados e municípios, algo que Padilha – com um perfil mais articulador – deve priorizar. Para enfrentar o problema, Padilha anunciou que pretende revisar a tabela SUS, responsável pela remuneração dos serviços prestados pela rede privada e conveniada ao sistema público de saúde.
Ele argumentou que a forma como essa tabela funciona hoje não incentiva a redução das filas: "Sei que a tabela SUS, da forma como remunera os serviços hoje, não acabará com a peregrinação do nosso povo.
Teremos a coragem e a sabedoria necessárias para enterrar esse modelo da tabela SUS e construir um novo modelo.
Começaremos essa renovação pelos serviços que geram mais tempo de espera.
Teremos um novo modelo de remuneração.
Pagaremos mais e melhor para atendimento especializado que aconteça no tempo correto.
Uma tabela que poupe o tempo." A demora nos atendimentos se intensificou após a pandemia de Covid-19, sobrecarregando o sistema e deixando milhares de pacientes na fila para consultas, exames e cirurgias.
Para evitar o desgaste que marcou a gestão de Nísia, Padilha deve apostar em medidas que aproximem o ministério do Congresso e dos setores da saúde privada, garantindo apoio para implementar suas propostas. A posse de Padilha simboliza uma mudança de estratégia do governo: sai uma ministra mais técnica, ligada à comunidade científica, e entra um ministro com forte experiência política e capacidade de articulação com parlamentares e governadores.
O movimento busca dar maior peso político ao ministério e fortalecer a relação do governo com o Congresso, algo essencial para Lula nos próximos anos.