Três em cada dez dessas mulheres já haviam registrado que foram agredidas anteriormente para a polícia, segundo dados do Instituto Sou da Paz divulgados neste sábado (8).
Em três anos, o número de mulheres feridas por armas de fogo cresceu 42% no país.
É o que indicam dados do DataSUS, sistema de informação e dados do SUS, levantados pelo Instituto Sou da Paz e divulgados neste sábado (8). Segundo o levantamento, com dados disponibilizados até 2023, foram registradas 4.395 notificações de mulheres feridas por armas de fogo e que sobreviveram aos ataques.
Os números só não foram maiores que de 2017, pico do levantamento.
Entre as vítimas, ao menos 35% já haviam relatado à polícia que foram agredidas pelo agressor.
Ou seja, aproximadamente três em cada dez mulheres foram atacadas com armas de fogo pelas mesmas pessoas que as haviam agredido anteriormente. O maior crescimento no número de vítimas ocorreu nas regiões Norte e Nordeste (29%) e Sudeste (23%).
O ano com maior pico de registros foi em 2017, com 4.498 mulheres agredidas com armas de fogo.
Segundo Cristina Neme, coordenadora do projeto do Instituto Sou da Paz, este foi um ano em que houve pico de forma generalizada na violência letal e não-letal tanto de homens quanto mulheres por conta de conflitos entre facções.
Por isso, a alta se reflete nos casos não-letais contra mulheres. Lei do Feminicídio completa 10 anos Mais armas em circulação Para Neme, o crescimento registrado entre 2020 e 2023 tem a ver com a maior quantidade de armas em circulação na mão da população -- sobretudo após decretos que facilitaram a posse de armas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Isso acontece em um contexto com um arsenal disponível na nossa sociedade em razão do enfraquecimento da política de controle de armas que o país sofreu na gestão anterior.
Muitos cidadãos adquiriram armas e essas armas estão em casa e representam um risco de violência familiar, doméstica, que se reflete nesses registros", afirma a especialista.
O local em que as violências ocorrem se divide quase de maneira idêntica entre fora de casa (45,8%) e dentro das residências (43,8%).
Outras 10,4% ocorreram sem identificação do lugar. Feminicídios crescem 4% em 1 ano Ao longo de 2023, 3.946 mulheres forma vítimas de feminicídio no Brasil.
Houve crescimento de 4% nos feminicídios quando comparado com os 3.788 crimes ocorridos em 2022. Este é o maior número desde 2018, quando foram registrados 4.512 assassinatos de mulheres. Em 2023, os perfis das mulheres vítimas foram: Mulheres pardas (64,5%) são as maiores vítimas, seguidas de brancas (26,6%) e pretas (7,4%). O grupo de 20 a 29 anos é o mais atingido, com 33,5% do total de mortas, e mulheres de 30 a 39 anos representam 25,4%. A maioria das vítimas morreu em ruas ou estradas (40%).
Casos de assassinatos em residências são 28%, seguidos por mortes em locais não especificados (21%) ou em outros locais (11%).
Desde 2014, houve crescimento gradual das mortes em residências, que passaram de 19% à época para os atuais 28%.
Por outro lado, o indicador local não especificado caiu de 29% para 21% no mesmo período. Parte dos dados (ruas e estradas e outros locais) se mantêm próximos ao longo dos anos, com variações de poucos pontos percentuais.