"Nós queremos encontrar quem é o pilantra que aumentou o ovo tanto", disse o presidente.
Discurso de palanque ignora os reais causadores do problema e apela para a explicação fácil de que alguém lucra enquanto o povo vai mal.
Lula culpar 'pilantra' pela alta no preço do ovo é populismo de eleger inimigo público nº1 O presidente Lula abriu nesta sexta-feira (14) uma caçada ao responsável pela alta de 15% no preço do ovo em apenas um mês.
O culpado? Um pilantra.
Isso é apenas mais um discurso populista de ignorar as reais causas para um problema e preferir eleger um inimigo público número 1. "Nós estamos em uma tarefa muito grande, o presidente da República, o ministro da Fazenda, porque nós queremos encontrar quem é o pilantra que aumentou o ovo tanto.
Não é possível", disse o presidente, em Sorocaba (SP). Eu sei quem é pilantra: é a galinha.
A gente ouviu o Paulo Teixeira, ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, dizendo que tem muita galinha que morre de calor nos aviários, granjas, que não estavam preparados para essa onda de calor.
Não tem pilantra nenhum! É uma estratégia populista de oferecer para a população um inimigo.
Por que essa estratégia é populista? Porque você não leva em consideração as múltiplas causas do problema. Imagina dizer: que é o aquecimento global, uma ideia difícil de se transmitir, culpado por matar as galinhas de calor e, por isso, deixando-as menos produtivas.
que o preço do ovo aumentou no mundo inteiro e, com isso, o produtor exporta mais -- para lucrar mais.
e que tem a questão do milho, com safra reduzida também pelo aquecimento global, que afetou e fez a ração ficar menos nutritiva e, de novo, a galinha botar menos ovo.
No lugar de se explicar todos os fatores reais, é mais fácil para o político dizer: "Eu vou achar o pilantra que está aumentando o ovo".
E, aí, a solução é simples: prende o pilantra.
Em Sorocaba, Lula diz que quer descobrir quem 'passou a mão' no preço do ovo Existe este populismo para tudo.
Jair Bolsonaro (PL) propunha matar o pilantra do Paulo Freire quando falava de educação.
Não havia questão de currículo, de salários, de qualificar o professor.
Era o inimigo escolhido por Bolsonaro, e o eleitor acreditava que era só tirar o Paulo Freire que a educação iria melhorar. Quem foi o "pilantra", o eleito inimigo público número 1, do governo Lula nos primeiros anos? Era o Roberto Campos Neto, então presidente do Banco Central independente.
Tudo era o Campos Neto.
Os juros eram uma maldade e, depois que ele saiu do BC, o problema dos juros não se resolveu -- mesmo com um indicado do Lula. Em vez de você oferecer para o público as múltiplas razões de juros altos, inclusive colocando a culpa no próprio governo, que não fez ajuste fiscal, é mais fácil você eleger os pilantras. Lula durante evento em Sorocaba (SP) nesta sexta-feira (14). Ricardo Stuckert/PR A fala do Lula sobre o ovo está dentro da lógica de palanque e tática populista de achar um inimigo, um culpado.
Isso não tem ideologia, não tem campo político, não tem direita e esquerda.
Todo mundo faz.