Conhecido pelo perfil afável, o presidente da Câmara, Hugo Motta (REP-PB), teve um rompante de irritação na reunião de líderes desta quinta-feira (13).
Segundo participantes da reunião, Motta se irritou após apelos de deputadas mulheres pela votação de projetos da bancada feminina com urgência e chegou a bater na mesa. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Fátima Meira/Enquadrar/Estadão Conteúdo A líder da federação PSOL-Rede, Talíria Petrone (PSOL-RJ), que fez o apelo, se emocionou e disse a interlocutores que chegou a chorar na reunião.
Líderes que estavam no momento vão sugerir a Motta que peça desculpas à parlamentar.
Prioridade para comissões Desde o início do seu período no comando da Câmara, Hugo Motta tem evitado pautar projetos em regime de urgência, para valorizar o trabalho das comissões.
Na reunião desta quinta-feira (13), líderes tratavam das pautas que serão analisadas nas próximas semanas. Hugo Motta dá bronca em deputados após briga no plenário Tradicionalmente, a Câmara analisa no mês de março projetos de lei em defesa aos direitos da mulher e que são consensuais entre partidos de diferentes espectros políticos, como PL e PSOL.
A deputada Iza Arruda (MDB-PE) representava a bancada feminina na reunião.
Ela apresentou uma lista com 11 propostas, todas de consenso, para serem apreciadas.
Mas, ao ler a lista, participantes da reunião disseram que Motta apontou que apenas cinco tinham parecer.
E que não faria sentido votar em regime de urgência as outras seis – que ainda não haviam sido analisados nas comissões – já que o presidente tem evitado votar propostas em urgência no Plenário. A representante da bancada feminina e a líder da federação PSOL-Rede justificaram que, como o procedimento foi modificado este ano e as comissões ainda não foram instaladas, não houve tempo para análise dos temas pelos colegiados.
E defendiam que, neste caso, fosse aberta uma exceção.
Talíria Petrone argumentou que os projetos eram necessários, uma vez que já há uma subrepresentação feminina, inclusivo no Parlamento.
E citou que entre diversos líderes havia apenas duas mulheres presentes na reunião.
Neste momento, segundo os presentes, Hugo Motta se irritou, bateu na mesa e afirmou que “se for assim, não precisa mais existir comissões nem reunião de líderes.
Cinco projetos já estão de bom tamanho.
Se é o mês das mulheres, vamos votar os projetos que estão prontos para ir a Plenário”.
Foi nesse momento que Talíria Petrone ficou com os olhos cheios d’água.
Outros líderes saíram em defesa de Motta. A deputada federal e líder da federação PSOL-Rede na Câmara dos Deputados, Talíria Petrone (PSOL-RJ). Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados Projetos de consenso No ano passado, 18 propostas apresentadas pela bancada feminina foram colocadas em pauta no mês de março durante a gestão do então presidente Arthur Lira (PP-AL).
Apesar da crise, Hugo Motta decidiu pautar apenas os temas da bancada feminina no próximo dia 25 de março – mas com menos proposições do que o que foi proposto pelas deputadas.
No fim da reunião, líderes como Túlio Gadelha (Rede-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Doutor Luizinho (PP-RJ) e Pedro Campos (PSB-PE) conversaram sobre a possibilidade de sugerir a Motta que se retratasse com Talíria.
O presidente da Câmara tem cobrado que os parlamentares se respeitem nas sessões e sugerido que se desculpem em caso de excessos.
Procurado, o presidente Hugo Motta preferiu não se manifestar.