Líderes dos EUA e da China farão reunião bilateral neste sábado (16) em cúpula da Apec em Lima, no Peru.
Biden e Xi geriram uma das maiores crises entre os dois países, principais economias do mundo, mas entregarão relação melhorada para Trump.
Biden e Xi Jinping se reúnem na Califórnia após atritos entre EUA e China, em 2023.
Kevin Lamarque/Reuters Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, terão neste sábado (16) em Lima, no Peru, sua última reunião bilateral antes de Donald Trump retornar à Casa Branca.
Os dois governantes geriram uma das maiores tensões recentes entre as duas principais potências econômicas do planeta, que envolveu acusações de espionagem e ameaças de rompimento de acordo bilaterais (leia mais abaixo).
Biden e Xi se encontrarão após o encerramento do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), criado em 1989 para promover o livre comércio e que Trump poderia enfraquecer com suas políticas protecionistas. A aliança é integrada por 21 economias, que representam 60% do PIB global, como Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Indonésia e México.
Este será o terceiro encontro oficial entre os atuais líderes dos EUA e da China.
"É uma oportunidade importante para marcar o progresso que tivemos na relação", afirmou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Biden e Xi também participarão da cúpula do G20 na próxima segunda e terça-feira no Rio de Janeiro. 'Imprevisível' O que é G20? Saiba tudo sobre o evento Na sexta-feira (15), sem fazer referência direta a Donald Trump, Xi se disse preocupado com o aumento do "unilateralismo e do protecionismo".
O mundo está entrando em uma fase de "turbulência e transformação", disse o líder chinês. No campo econômico, as preocupações com o retorno de Trump se concentram em sua ameaça de aumentar as tarifas sobre todas as exportações para os Estados Unidos, as da China para até 60% e as do México - principal parceiro comercial dos Estados Unidos - para 25%. Durante seu primeiro mandato, o republicano alimentou a guerra comercial entre as duas superpotências, que, no entanto, estabeleceram uma trégua em janeiro de 2020. Mas a escalada das tarifas sobre produtos chineses, como os microprocessadores, "não começou nem vai terminar com Trump", disse à AFP o analista peruano de assuntos internacionais Farid Kahhat. Há apenas um ano, Washington e Pequim flexibilizaram a relação durante a reunião de cúpula da Apec em San Francisco, depois que alcançaram acordos antidrogas e para melhorar a comunicação militar. "Se você alcança um acordo com Biden, ele provavelmente cumprirá.
O problema com Trump é que, como ele mesmo se orgulha, ele é imprevisível", afirma Kahhat. Alianças para durar? O próximo mandato do republicano também provoca dúvidas sobre as alianças dos Estados Unidos.
"Chegamos a um momento de mudança política significativa", disse Biden na sexta-feira em seu encontro com os líderes do Japão e da Coreia do Sul em Lima, no âmbito da Apec. O presidente americano aspira blindar esta coalizão para enfrentar a Coreia do Norte e sua ameaça nuclear.
Ele anunciou que dotará a aliança de uma secretaria, com o objetivo de que cumpra sua "esperança e expectativa" de que dure. Ao mesmo tempo, ele fez um alerta sobre a "cooperação perigosa e desestabilizadora" da Coreia do Norte com a Rússia. Pyongyang apoia o governo de Vladimir Putin — ausente da cúpula da Apec — com tropas para lutar contra a Ucrânia. Trump afirma que deseja acabar com as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, "não porque é um pacifista ou acredita em uma solução justa dos conflitos (...) e sim porque acredita que os Estados Unidos não devem dedicar mais recursos a elas", afirma o analista peruano.