Kamala joga com as cartas do declínio cognitivo e da idade avançada de seu oponente — as mesmas que ele usou contra Biden — mas elas parecem não impactar as pesquisas na reta final da disputa.
O candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, dança durante comício na Pensilvânia, em 14 de outubro de 2024. David Muse/ Reuters Com as pesquisas empatadas nos sete estados decisivos, o ex-presidente Donald Trump vem dobrando a aposta sobre Kamala Harris: o comportamento vulgar do candidato republicano nos últimos dias extrapola o que já foi tachado de normal, para os seus padrões, e fomenta o argumento da democrata de que ele está instável, perturbado e, por consequência, despreparado para o cargo. Num encontro com eleitores, na semana passada, Trump desistiu das perguntas e apenas dançou, por mais de meia hora, numa estranha coreografia por diversos ritmos.
“Espero que ele esteja bem”, tuitou Kamala.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Num comício na Pensilvânia, no fim de semana, durante 12 minutos, ele dissertou sobre a genitália do jogador de golfe Arnold Palmer, morto em 2016, aos 87 anos. “Quando ele tomava banho com outros profissionais, eles saíam de lá.
Eles diziam: 'Meu Deus.
Isso é inacreditável'.
Temos mulheres que são altamente sofisticadas aqui, mas elas costumavam olhar para Arnold como um homem”, contou. Os comentários de Trump chocaram Peg, uma das filhas de Palmer, mas ela pareceu traduzir o que seus eleitores pensam sobre o comportamento imprevisível e aparentemente desconexo do candidato.
“Não estou propriamente chateada.
Acho que foi uma escolha ruim de abordagens para lembrar do meu pai, mas o que você vai fazer?” É esse o ponto que intriga os analistas: as bizarrices proferidas por Trump não se refletem em oscilações significativas nas pesquisas de opinião.
A campanha de Kamala tenta cooptar o apoio dos republicanos moderados — os que demonstram estar escandalizados com as atitudes de seu líder na reta final da campanha — e, ao mesmo tempo, distanciar-se do impopular Joe Biden. Aparições públicas de Trump e Kamala têm efeito contrário na reta final da eleição dos EUA O ex-presidente qualificou como um dia de amor o 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão de simpatizantes invadiu o Capitólio, provocando mortes e destruição e a maior ameaça à democracia americana dos tempos modernos.
“Ele fala isso como se estivesse em Woodstock”, reagiu o ex-presidente Barack Obama. Ele ameaçou, se eleito, enviar militares para prender os que chama de “inimigos internos”, por se oporem a ele.
Nomeou especificamente Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara, e o congressista Adam Schiff, que liderou o processo de impeachment contra ele. No sábado (19), insultou sua concorrente, chamando-a de “vice-presidente de merda”.
Kamala o pintou como fascista.
“O que você vê no meu oponente, um ex-presidente dos Estados Unidos … rebaixa o cargo”, argumentou a vice-presidente neste domingo (20). Trump cometeu gafes e cancelou entrevistas, alegando cansaço.
Kamala vem jogando com as cartas da idade avançada e do declínio mental, as mesmas que o republicano usou contra Joe Biden: “Ser presidente dos EUA é provavelmente um dos trabalhos mais difíceis do mundo.
E então realmente precisamos nos perguntar: se ele está exausto de estar na trilha da campanha, ele está apto para fazer o trabalho?” A vice-presidente, que completou 60 anos neste domingo, apresentou há duas semanas seu relatório médico e desafiou o ex-presidente a fazer o mesmo.
Até agora, silêncio no campo de republicano, num prenúncio de que, a duas semanas do voto, as ações tortuosas de Trump parecem ter pouco impacto na disputa eleitoral. VÍDEO: 'Não deixe os EUA se transformarem no Brasil', diz brasileira a Trump em 'drive-thru' de restaurante fast food