Ex-presidente joga com oportunismo político, mas, como contumaz negacionista das mudanças climáticas, pode ser prejudicado pelos efeitos do Milton.
O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre a resposta do governo federal ao furacão Helene e os preparativos para o furacão Milton REUTERS/Elizabeth Frantz A chamada Surpresa de Outubro, que costuma embaralhar as eleições americanas na reta final, está concentrada nesta corrida em dois poderosos furacões — Helene e Milton — e na batalha política em torno da resposta a eles.
Sem surpresa alguma, o ex-presidente Donald Trump e sua claque republicana usam os fenômenos climáticos para disseminar mentiras e teorias conspiratórias para atingir o presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e a Fema — a agência federal que coordena a resposta aos desastres. No afã do oportunismo político, vale tudo, sem a apresentação de evidências: espalhar que os democratas conseguem direcionar os furacões para os estados republicanos; que estes são negligenciados pelo governo federal; que a ajuda às vítimas é de apenas US$ 750; que o presidente americano não atende as ligações do governador republicano da Geórgia; que Biden desvia verbas para a construção de moradias para ajudar imigrantes ilegais. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp AO VIVO: Acompanhe as últimas informações sobre o furacão Milton Para combater a desinformação, a Fema precisou criar uma página apenas para desmentir boatarias.
Kamala Harris reagiu à batalha política, ao qualificar como péssimo o histórico de Trump na resposta aos desastres. Basta lembrar a gestão da pandemia pelo ex-presidente, antes de precisar defender-se das acusações de incompetente e ausente, repetidas por ele.
Mas, além disso, Kamala vem reforçando a falta de empatia do ex-presidente para lidar com o sofrimento humano. “A ideia de que alguém estaria jogando politicamente para o seu próprio bem é tão consistente sobre Donald Trump.
Ele se coloca antes das necessidades dos outros”, afirmou Kamala ao “The View”, da rede ABC. A passagem do furacão Milton, que, na categoria 4, avança pelo Golfo do México para chegar à Flórida com um potencial catastrófico, oferece perigo a Biden e, ato contínuo, a Kamala. Descrito como presidente “pato manco” e com a popularidade abalada pelos efeitos das guerras de Israel em Gaza e no Líbano, Biden enfrenta, provavelmente, o último desastre climático de seu mandato.
Suas ações estarão em xeque, e a urgência para supervisionar o comando da tragédia iminente fez com que o presidente desistisse de uma viagem a Alemanha e Angola e de uma reunião de aliados da Ucrânia. A propagação de mentiras e o dedo acusatório de Trump sobre a competência de Biden e Kamala tem também potencial para tomar o rumo oposto e tornar-se uma manobra arriscada para o republicano. Contumaz negacionista sobre os efeitos das mudanças climáticas, ele pode ver suas teorias serem derrubadas pela força do Milton diante dos olhos dos eleitores. 'CENA DE FILME': Brasileira relata mercados lotados e saída tumultuada na Flórida VÍDEO: Meteorologista chora ao falar sobre furacão explosivo a caminho dos EUA Furacão Milton é visto da estação espacial internacional