Um dos documentos produzidos pelo G20 afirma que o avanço acelerado das novas tecnologias, como a inteligência artificial, teve impacto na escala e no alcance da desinformação.
Chefes de Estado incluem pela primeira vez o tema desinformação nos debates do G20 Jornal Nacional/ Reprodução No Rio de Janeiro, o encontro de líderes do G20 vai ter uma novidade: eles vão discutir formas de ação contra um dos maiores males da sociedade moderna. O combate à desinformação nas plataformas digitais e nas redes sociais deve ganhar espaço na declaração final do G20.
O texto começou a ser negociado neta terça-feira (12) no Rio de Janeiro pelos sherpas - representantes dos líderes das principais economias do planeta. O responsável por Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant, afirma que a desinformação atinge o combate à fome, o desenvolvimento e as mudanças climáticas - temas que são prioridades do Brasil na presidência do G20. "O problema é que ela não acontece no abstrato.
Ela acontece afetando questões reais, como a saúde pública, o direito da população a saber que vacinas salvam vidas, ela afeta, por exemplo, a questão do meio ambiente.
Saber que as mudanças climáticas exigem ação imediata.
Portanto, a gente não pode tratar a desinformação como um problema abstrato.
Ele é um problema que se conecta com todas as prioridades, as urgências que a gente tem hoje na humanidade", afirma João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria SECOM/PR. G20 no Rio: o que é? Quem vem? O que vai acontecer? Saiba tudo sobre o evento A pesquisadora Marie Santini, fundadora do Laboratório de Estudos da Internet da UFRJ, participou da elaboração de um documento - assinado também por estudiosos da Irlanda, Estados Unidos e Tailândia - que defende regras para controlar a desinformação nas plataformas e redes sociais.
As sugestões já foram entregues ao G20. "Nós não estamos falando de desinformação no varejo, que é uma coisa ou outra que você recebe, que é mentira, que pode ser uma inverdade.
A gente está falando de uma indústria que opera de forma coordenada e organizada, bem parecido com o crime organizado mesmo, e que cada vez está ficando mais poderosa e mais lucrativa devido à essa falta de regulamentação”, diz Marie Santini, diretora do NetLab/UFRJ. Marie Santini menciona uma “epidemia” de fraudes virtuais e aponta uma pesquisa americana que mostra que 80% dos usuários se deparam com golpes nas mídias sociais ao menos uma vez por mês.
Quase metade das vítimas já perdeu o equivalente a US$ 100, aproximadamente R$ 600.
Os golpes envolvem prêmios e anúncios falsos, além da venda fraudulenta de produtos. Um dos documentos produzidos pelo G20 afirma que o avanço acelerado das novas tecnologias, como a inteligência artificial, teve impacto na escala e no alcance da desinformação. A expectativa é que os chefes de governo do G20 apresentem, no documento final, recomendações como aumentar a transparência e a responsabilidade das plataformas.
Os negociadores dizem que não será fácil chegar a consenso sobre as regras, tendo em vista que as grandes potências têm visões políticas divergentes, mas concordam que, de alguma forma, precisam agir contra a desinformação. "É lidar com o problema por um lado por quem produz, mas também por quem por quem está disseminando essa desinformação”, afirma oão Brant. "Só que a gente não tem condições de enfrentar esse problema de forma local, nacional ou regional.
Por ser um problema em rede, por ser um problema que acontece na internet, é preciso pensar soluções e regulamentações globais e em acordos entre países para poder mitigar esse problema”, diz Marie Santini. LEIA TAMBÉM Enfrentamento das mudanças climáticas e reforma de instituições estão entre as prioridades da reunião de cúpula do G20 Brasil é um dos países do G20 em que mais se trabalha; veja a carga horária pelo mundo