‘Foi lindo mas na hora foi um desespero danado’, diz bancário que aparece em um dos registros, feito por empresário que mora na capital.
Biólogo alerta para cuidados com algumas espécies.
Drone flagra encontro de arraias com nadador em Vitória Vídeos registrados por drones mostram pessoas nadando no meio de dezenas de arraias no mar em Vitória na manhã desta quarta-feira (13).
No mesmo dia, arraia albina também foi registrada e chamou a atenção. Duas a três vezes por semana, o bancário Leandro Vancini, 27 anos, acorda antes das 5 horas, para nadar na região da praia da Curva da Jurema, em Vitória.
E o que seria mais uma manhã rotineira, acabou sendo um dos momentos mais marcantes da vida do nadador. “A gente sabe que tem uma biodiversidade bem variada ali naquela região, mas eu nunca tinha passado por isso.
Já viu cavalo-marinho, golfinhos, mas arraias não.
[..] Até que ontem, quando eu estava dando a volta na Ilha das Andorinhas, vi passar uma arraia, depois outra, na minha cabeça eram umas cinco ou seis.
Mas aí, de repente, não parava mais de passar, então veio aquele susto e medo.
Parei num primeiro momento, demorei para sair do cardume e me apressei para voltar para a praia”, lembrou. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp A situação aconteceu próximo a Ilha de Andorinhas, no litoral da capital, a cerca de 500 metros da faixa de areia. Dezenas de arraias dividem praia de Vitória com nadadores.
Espírito Santo. Fernando Pandolpho Ferreira Quando saiu da água, Leandro comentou com os amigos o que tinha acontecido, mas só teve real noção do tamanho do cardume de arraias quando viu um vídeo circulando nas redes sociais e se identificou, pelo local, touca e sunga.
“Eu contei que passei pelo maior susto que já vivi nadando, falei como foi, mas não dava para ter noção.
Depois, quando vi o vídeo, pude crer.
Mandei mensagem para a pessoa que postou que me enviou o vídeo e repostei.
Teve amigo que achou que nem era eu ou que nem era verdade.
Foi lindo, mas na hora foi um desespero danado!”, disse Leandro. O responsável pelas imagens com quem Leandro fez contato é o empresário Fernando Pandolpho Ferreira, de 68 anos, que há cerca de dois anos tem como hobby fazer imagens com drone. O Fernando não saiu de casa para fazer as imagens.
Como mora em frente a praia, começa o voo com o equipamento da própria varanda, no sétimo andar, quase que diariamente, sempre atrás de boas imagens. “Todo dia é uma surpresa, eu decolo e de repente dou de cara com algumas situações.
Geralmente, filmo canoas, caiaques, sempre tem alguma coisa, uma cardume de manjubas, de tainhas.
Fico procurando alguma coisa diferente bonita para mostrar, mas ontem, eu não acreditei”, contou. “Eu vi um vídeo na internet há mais ou menos dois meses, de milhares de arraias com uma baleia e pensei ‘puxa vida, quem me dera se eu pudesse ter algo parecido um dia.
Até que veio essa surpresa.
Ontem foi um dia espetacular, meu Deus do céu, que presente!”, celebrou. Outros nadadores passaram pelo cardume e também peixes Dezenas de arraias dividem praia de Vitória com nadadores Além de flagrar o Leandro nadando no meio do cardume de arraias, Fernando flagrou um segundo homem, que passa pelo grupo de animais, incluindo uma arraia albina, e também um grupo de nadadores. Além disso, registrou o momento em que o cardume de arraias se aproxima de um cardume de peixes. LEIA TAMBÉM: VÍDEO: tubarão-baleia se aproxima de barco de pescadores no litoral do ES VÍDEO: peixe com 'dentes humanos' é pescado no ES e viraliza Gigante do mar: vídeo exclusivo mostra maior espécie de tartaruga do mundo desovando em praia do ES Ao todo, o Fernando voou com o drone, nesta quarta-feira (12), por cerca de 90 minutos, entre ir, voltar e ficar procurando os animais, gastou três baterias de 30 minutos.
Nesta quinta-feira (13), o empresário Fernando sobrevoou com o drone no mesmo local de ontem e não filmou nenhum animal. Um outro flagrante do mesmo cardume também foi feito nesta quarta-feira (12), pelo servidor público e fotógrafo Rodrigo Coutinho Martins, de 36 anos.
Entre os animais, também aparece a arraia albina. Não deixe o animal acuado Para quem se impressionou com as imagens, o biólogo João Gasparini alertou para o fato de serem animais com ferrão e podem ser perigosos se se sentirem acuados. "Elas têm ferrão, é perigoso se você acuar o bicho, mergulhar e tentar segurar ela, que pode virar a cauda e esse ferrão tem uma bainha dérmica que tem veneno.
Nadar com elas é tranquilo, só não vai tentar abraçar, encostar, o animal, pisar no raso, aí pode ser perigoso", disse. No caso das imagens, se trata de um cardume de arraias ticonha, e que não há nada atípico no flagrante.
"Existem no mundo várias espécies de raia ou arraia, os dois termos estão certos.
No Brasil, da mesma forma, várias espécies, que vivem em mar aberto, em água rasa, água doce, tem espécies que só vivem no fundo, deitadas no fundo, e outras que vivem nadando como essa ticonha, ou cara de boi, como também é chamada", explicou. São animais que gostam de águas rasas e vivem em cardumes, até mesmo por uma questão de proteção, não há nada de atípico no flagrante. "Pode ser uma agregação para reprodução, essa época do ano é propícia, mas também para alimentação e para proteção.
Elas estando ali em vários indivíduos, fica mais difícil para o predador atacar.
São animais que comem moluscos e conchas.
Essa água rasa é propícia até para se refugiar dos predadores e alimentar", apontou João.
O biólogo lembrou também sobre a importância de restringir a pesca de rede na Baía das Tartarugas, região onde o vídeo foi feito, e que uma rede grande pode causar um prejuízo imenso ao cardume.
E também sobre controlar o esgoto que vai parar na Baía de Vitória. "Precisamos cuidar melhor dessa nossa Baía, do nosso mar, de uma maneira geral", finalizou. Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo