Receio com as tarifas de Trump nos EUA e com os rumos da economia argentina impactam negativamente os índice acionários dos países.
Operadores na bolsa de valores de Nova York. Brendan McDermid/ Reuters A maioria das principais bolsas de valores globais acumulam fortes altas nos primeiros meses de 2025, enquanto os principais mercados dos Estados Unidos e Argentina registram as maiores quedas no mesmo período. A baixa mais expressiva é a do S&P Merval, principal índice acionário da bolsa argentina.
Houve um recuo de 14,74% do início do ano até a última quinta-feira (13) — considerando a rentabilidade já dolarizada, para facilitar a comparação com o desempenho de outros mercados. LEIA TAMBÉM Argentina de Milei: g1 mostra o que mudou na vida e na economia do país, um ano após o Plano Motosserra Café e torta por R$ 80, hambúrguer por R$ 90: por que a Argentina ficou tão cara para os brasileiros? Na sequência dos piores desempenhos, os três principais índices das bolsas americanas: Nasdaq caiu 10,40%, S&P 500 recuou 6,12% e Dow Jones teve baixa de 4,07%.
Os dados são de um levantamento de Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria.
Na contramão, a maior alta no período, de 31,36%, foi registrada pelo Euro Stoxx 50, índice que reúne as ações de algumas das maiores empresas da Zona do Euro. As bolsas de outros países da Europa e nações emergentes, como China, México e Chile, também viveram uma temporada positiva até aqui.
E o Brasil está nesse grupo.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, acumula um avanço de 11,26% nos primeiros meses de 2025. Veja o desempenho de cada uma das bolsas de valores na tabela a seguir: Rentabilidade das principais bolsas de valores do mundo em 2025 ( Trump ameaça impor mais tarifas após retaliação de UE e Canadá O que explica esses movimentos? O levantamento da Elos Ayta ainda revela que as bolsas dos EUA já perderam mais de US$ 4 trilhões em valor de mercado desde a posse do presidente Donald Trump, em 20 de janeiro.
Segundo Einar Rivero, o pessimismo com os mercados americanos reflete as "incertezas sobre a condução da política fiscal e monetária, além de pressões inflacionárias persistentes". Os EUA vivem um período de inflação elevada já há alguns anos, após a recuperação da economia depois das paralisações pela pandemia de Covid-19.
O aumento no consumo da população é impulsionado por um mercado de trabalho resiliente, que segue mantendo a atividade econômica aquecida. Além disso, a política tarifária de Trump, que impôs uma série de taxas de importação sobre diversos itens e países, eleva a preocupação de que, com os produtos chegando mais caros aos EUA, os preços ao consumidor final também fiquem mais caros, elevando a inflação num primeiro momento. O analista de investimentos Vitor Miziara explica, ainda, que, com esse provável aumento de preços, há temores de que o consumo entre os americanos passe por uma desaceleração importante, reduzindo a atividade econômica — o que poderia levar a uma recessão. Também, se a inflação dispara de cara, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode demorar mais para reduzir suas taxas de juros, hoje entre 4,25% e 4,50% ao ano, ou até voltar a elevá-los.
Juros maiores encarecem a tomada de crédito pela população, diminuindo ainda mais o consumo e afetando a economia. Já na Argentina, a queda da bolsa de valores é reflexo de uma "política econômica agressiva do presidente Javier Milei, que tenta controlar a inflação e reequilibrar as contas públicas", pontua Rivero.