Em março, diferença era de 19,4%.
Mulheres, sobretudo as negras, ganham ainda menos que homens em igual cargo; em cargos de direção e gerência, distância também aumenta.
A diferença salarial entre homens e mulheres cresceu desde o começo do ano – e agora, as mulheres recebem em média 20,7% a menos que os homens empregados no setor privado do país. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (18) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Até março deste ano, a diferença era de 19,4%. Segundo o relatório, a discrepância entre os salários é ainda maior para mulheres em cargos de direção e gerência.
Elas recebem 73% da remuneração dos homens nos mesmos cargos – ou seja, 27% a menos do que deveriam se houvesse equidade de gênero. O levantamento considera 18 milhões de trabalhadores em 50.692 estabelecimentos com 100 ou mais empregados. Nessas empresas, a remuneração média é de R$ 4.125.
Mas essa média esconde diferenças de gênero e raça. Veja abaixo a média salarial, quando os trabalhadores são agrupados por esses critérios: Mulheres negras: R$ 2.745,76 Mulheres não negras: R$ 4.249,71 Mulheres (geral): R$ 3.565,48 Homens negros: R$ 3.493,59 Homens não negros: R$ 5.464,29 Homens (geral): R$ 4.495,39 Na prática, mulheres negras ganham, desempenhando funções similares: 35,38% a menos que mulheres não negras, 21,4% a menos que os homens negros; 49,75% a menos que homens não negros – ou seja, quase metade do salário deles. Ao divulgar os dados, o governo também lançou um Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Homens e Mulheres.
O documento lista 79 ações em três eixos para estimular a equiparação das funções e dos rendimentos entre homens e mulheres – capacitar mulheres jovens e incluir o tema nas negociações sindicais, por exemplo. Mulheres são maioria dos mestres e doutores no Brasil, mas ainda enfrentam desigualdade salarial Poucas negras empregadas, poucas mulheres chefes No relatório, o Ministério do Trabalho e Emprego afirma que um componente estrutural do mercado de trabalho dificulta a obtenção de dados mais precisos: a baixa presença de mulheres negras no mercado, e de mulheres em geral em altos postos. Segundo o documento: em 42,7% dos estabelecimentos pesquisados, menos de 10% da folha salarial era composta por mulheres pretas e pardas; em 53% dos estabelecimentos, mesmo tendo mais de 100 empregados, não havia pelo menos três mulheres em cargos de direção e chefia para permitir uma comparação salarial.